terça-feira, 24 de abril de 2007

Eu não tenho afinidade com a idéia de ter um filho, gerar alguém dentro de mim, isso me assusta um pouco pois eu tenho medo do processo, sendo sincera: Morro de medo de botar o moleque pra fora. Como pode sair uma pessoa "tão grande" de um lugar tão pequeno? Desculpem-me mas eu tô fora disso, mas, incrível mesmo é a atração que TODAS as crianças tem por mim seja lá onde eu estiver, vai ter sempre uma tentando chamar minha atenção... e eu também as adoro. Ás vezes paro pra pensar como seres tão doces e sinceros viram isso que nós somos mas bem, vamos aos fatos:

Falar de criança hoje é meu tema escolhido pois estou me sentindo uma velha caduca devido as coisas que estão acontecendo na vida dos meus bebês preferidos: a Fabíola, a Kathleen e a Geovana.
Nenhuma delas tem ligação sanguínea comigo mas nossos sangues são compatíveis pois são de fatos, crianças que eu me importo muito e acompanho cada progresso, cada novo passo com atenção de mãe por acidente. São minhas de coraçao e brigam entre elas de ciúmes de mim, acreditam? Elas são primas. Leiam até o fim pois vai ser no mínimo curioso. Vamos por partes:

A Kathleen.
É a mais danada e desorganizada de todas. Vi nascer, acompanhei todo o processo desde que ficamos sabendo da sua existencia até a chegada na residencia ao lado. Não foi uma gravidez planejada e nem todo mundo assumiu a responsabilidade mas amor, não faltou. Chorava de irritar, tomava duas mamadeiras enormes o que lhe rendeu o apelido de Abobrão. Não gostava de mim quando bebê mas depois de maiorzinha quando me via, trocava o colo da mãe pelo meu. É que eu sou foda, desculpem. Ia pra escolinha e fazia chantagem pra eu levá-la no colo sempre que eu a acompanhava e nunca neguei... Um doce de criança: meiguinha, boazinha e com uma capacidade invejável de dar uma de santa pra cima dos outros. Hoje ela já tem 10 anos. Ela foi morar recentemente em outra cidade com a mãe e o padrasto e fui visitá-la. Fiquei de boca aberta quando a criança me preparou um café da manhã com pão de queijo, café e cereais e os cambal. Até me emocionei, sério, de ver o progresso do nenê que dava os bracinhos pra mim e fiquei de boca aberta ao ver que o nenê que dava os bracinhos pra mim estava me falando que já sabia que a cegonha era uma farsa e que sabia na real como que as mulheres ficavam grávidas. "Eu já sei o que é sexo, Nina." (ela me chama assim). Meu Deus, que mundo é esse? Sou uma velha! Aquele bebê que eu embalei tantas vezes já sabe que é possível dar mais que os bracinhos... quero morrer!


A Geovana é minha afilhada não oficial. Pode estar fazendo o que for que quando me vê, sai correndo pra me abraçar e eu fico me achando. É uma criança que eu babei desde antes de nascer também. Certa vez comprei uma calça de skatista caqui com bolsos largos e dei pra ela quando ela tinha 4 meses. Ficou um arraso! Todo mundo babava nela. Sem contar os olhões azuis...
Teve também um certo stress causados pelos adultos mas superou, deu a volta por cima e ganhou um concurso de beleza concorrendo com um monte de crianças. É daquelas que acha que te enrola com papo e no final consegue mesmo fazer os adultos de besta. Sonsa no extremos
Ontem chegou pra mim e disse num tom de fofoca e sarcasmo que ouvira dizer que se o pai não pagasse a pensão até quinta-feira que ele ia pra cadeia. Perguntei o que ela achava disso e ela me disse: "Bom, eu acho que ele deveria pagar logo pois eu queria uma boneca nova". Amor com amor se paga né ;) Essa é das minhas. Tem só sete anos e ainda se contenta em dar só os bracinhos. É a única que ainda consigo pegar no colo.

Fabíola
Essa é a que eu mais tenho histórias pra contar pois já me envolvi em todo tipo de situação com essa criança, desde a gravidez da mãe dela levada até os oito meses sem que ninguém da casa dela desconfiasse, o casamento as pressas, o choque da família que descobriu dois dias depois da cerimônia, o nascimento etc, e ela é a mais velha. Eu na época que ela era bebezinho trabalhava na Pizza Hut e não tinha tempo pra nada e não ia muito na casa dela e de início ela não gostava de mim. Quando tirei férias, eu ia todo dia lá e no final de trinta dias pra eu ir embora tinha que ser escondida senão a menina caía no berreiro. Um grude total! Já furei fila de banco com ela, já sofremos acidente de carro juntas, já vomitou em mim. O pai dela me odiava de morte mas nem sempre foi assim. Tinha ciúmes da minha amizade com a mãe dela e belo dia eu emprestei uma walkman (pra você ver que isso não foi ontem) pra mãe da menina e ela deixou cair e deu PT no meu aparelho. Ele amou e disse pra ela que agora eu ia ficar com raiva e que ia pro ralo a amizade. Quando ela veio me devolver o walkman quebrado, eu peguei de volta e disse: "Ah, não esquenta não". Pronto! Desse dia em diante ele nunca mais falou comigo. E certa vez eu vinha pela rua e ela vinha com o pai. Ela me viu, soltou da mão dele e correu pra me abraçar. Acho que se ele pudesse ele me fuzilava e fiquei sabendo que ela apanhou por ter ido me abraçar. Até chorei de raiva e falei pra ela só me dar oi quando estivesse com ele. Mas, como os adultos só fazem merdas, ele também resolveu pular fora do barco e mora em outro lugar hoje. Pelo menos eu tenho o privilégio de ver a filha dele todo dia (adoraria que ele lesse isso)
A um ano atrás, na mesma semana em que eu passei por uma cirurgia, ela passou mal num parque e resultou num AVC que tirou parte dos movimentos do lado esquerdo dela. Eu quase morri, passei mal quando fiquei sabendo pois eu estava operada e não podia ir visitar ela. Graças a Deus um ano depois todos os movimentos praticamente estão perfeitos, poderiam estar melhores se não fosse a preguicinha dela de voltar a usar a mão lesada.
Semana passada ela chegou pra mim e disse: "Nina, eu fiquei mocinha". Nossa, me senti a mais carcomida das velhas mas cooperei e comprei um pacotinho de absorventes pra ela que fez questão de mostrar pra todo mundo... Essa ai ainda não sabe das origens dos humanos além da cegonha mas sabe que tem algo oculto, a mãe já está pensando em como dizer isso pra menina, já que agora, ela pode fisicamente ter um bebê também. Ela deve estar me odiando agora pois prometi que ia jantar com ela (pela terceira vez essa semana) mas estou tão gripada...
Toda mocinha, toda organizadinha e preguiçosa que só.

Pequenas coisinhas que eu parei pra pesar na balancinha de vida e reparei que minha vida não é tão ruim como eu acho e que não sou uma pessoa tão sozinha, que tem gente que me ama sim e estou com dor na consciência de reclamar tanto da vida, das coisas, e por ficar reclamando das coisas que não tenho ao invés de agradecer pelas que eu tenho. Passei neste blog hoje e isso me fez refletir muito. Dá uma lidinha.

Chega né? Post muito longe ninguém lê e olha que estou longe de ter muitos leitores como outrora no tempo que eu era blogueira famosa mas eu chego lá. Fui.


7 comentários:

Ciça Donner disse...

Ah mas tu é assim com o filho dos outros é??? Então tá... uma hora o teu instinto materno aflora. Assim que vc perceber que as criaturas doces continuam doces. Amargo são os outros!!!!

Tua frase foi pro meu mural de pérolas

Ciça Donner disse...

Esqueci... 8 MESES E NINGUÉM PERCEBU QUE A PEQUENA TAVA GRÁVIDA??? É-GU-A

Edelize disse...

Então somos duas. Amo crianças e sou como um imã perto delas, atraio todinhas sem querer-querendo, sabe? Agora, ter um filho é outro história. Morro de medo. Medo de tudo (menos da concepção, hehehe), do parto, de criar um filho, de educar, e ainda fazer tudo só com o maridão? Longe do resto da família? Nem pensar...

Beijocas - as meninas são lindas!

Claudia disse...

ih menina, eu tenho umzinho que é minha vida. Que amo de paixão, mas foi um parto tão complicado que jurei que nunca mais teria outro. Até me casar de novo e 14 anos depois, ficar de novo sonhando com um bebê a cara do meu namorido. :)

Poliana disse...

Eu tb não me vejo sendo mãe just because, mas há certas crianças que simplesmente tornam-se parte de nossas vidas (e como vc relatou muito bem, nos lembram o quanto o tempo PASSA).
Adorei seu post!
See you!

Anônimo disse...

hahaha, gostei da história....aquela que descobriu que pode dar mais que os bracinhos, foi muito boa, hahaha
Mas acho que ainda há tempo, temos tempo para tudo, e se as crianças realmente gostam de você, se você tem o tal ímã, é porque elas sentem ;)
só o tempo pode dizer, vai que daqui a alguns anos esse instinto materno não toma posse?
Beijos e boa semana

Kerzenlicht disse...

Lindas as meninas, e muito legal esse laço que tu tem com elas :)

Mais do que de parto (se bem que deve doer pra carValho, hein???), eu tenho é medo da maternidade em si, da responsabilidade de ter uma vida dependendo de mim... Mas certo que mesmo assim eu vou ter filhos. Daqui uns ANOS, hehehe, mas vou. Por enquanto eu não cuido direito nem de mim, quanto mais de uma criança! :P

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